sábado, 21 de março de 2015

Edredom / Édredon


 
“Era uma vez um pato islandês...”

Um novo país aparece nesta caminhada pelo mundo pelas palavras portuguesas aparentemente de origem francesa.

Desta vez, trata-se de Danemark,  que quer dizer da “Dinamarca”, que é um dos raros países que pertencem ao gênero  masculino em francês, e ao gênero feminino em português.

A palavra Édredon, então, vem do dinamarquês, e mais precisamente do nome dinamarquês de certo pato que vive ainda mais ao norte da Dinamarca, na Islândia, país hoje independente, mas que durante cinco séculos fez parte do reinado dinamarquês, o tempo de fazer nascer o Édredon!

Este pato - não o jogador Pato! - se chama o Eider - não o jogador Eder! - é uma ave que por resistir ao frio rigoroso dessas regiões, oferece penugens de excelente qualidade.

O povo dinamarquês não demorou a reconhecer as qualidades destas fininhas penas, e criou com elas um pequeno cobertor formado por essas penugens envolvidas em uma tela, destinado num primeiro momento aos pés, e que eles chamaram então, de Edderdun.

Depois o uso deste cobertor passou para a cama, e é dessa forma que o Edderdun chegou um dia à França, no século XVII, onde recebeu a forma afrancesada Édredon, e a ofereceu para o português que a retomou em “edredom” ou ainda “edredão”.

Ao longo desses deslocamentos, a palavra não mudou de sentido, só as temperaturas externas que variaram entre a Islândia, a França, e o Brasil, o que faz com que, provavelmente, a espessura dos respectivos Édredons tenha diminuído...

Hoje existe um problema com o Édredon, por que frequentemente, não é mais feito com penugens do pato Eider! Alguns Édredons são fabricados com penas de outras aves aquáticas, o que não seria nada grave, pois ficaria na mesma família, mas acontece que cada vez mais, a indústria se apropriou e modificou este produto, fazendo o Édredon não de plumas naturais, seja de Eider, de patos ou de gansos – não o jogador Ganso! - mas de produtos sintéticos!

Do ponto de vista da ética, e para respeitar as qualidades únicas deste belo patinho, essas invenções de falsos Édredons não deveriam mais, do nosso ponto de vista, ser nomeadas Édredons, mas “Patodons” ou “Gansodons” para os confeccionados com as penugens de outras aves, e para os vulgares Édredons nascidos da indústria química, “Quimicodons”, “Sintetidons”, ou ainda “Polyetidons”!

Seria mais correto, não?

 

A frase fácil do dia:

A frase francesa : “les autres canards et oies sont bons, mais c’est l’eider qui produit les meilleurs édredons!”

Traduz-se efetivamente em português por: “outros patos e gansos são bons, mas é o eider que produz os melhores edredons!”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário